sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estudantes contra caução em residências universitárias




Estudantes contra caução em residências universitárias Regulamento estará em discussão pública até final de Maio

00h30m
JOÃO PEDRO CAMPOS *, COM LUSA

O regulamento de utilização das residências universitárias em Coimbra vai estar em discussão pública, prevendo-se que esteja terminada até ao final de Maio. Entretanto, um grupo de alunos já lançou uma petição contra uma caução para acesso às residências.

Ontem já decorreu uma reunião entre o administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC), Jorge Gouveia Monteiro , e os estudantes pertencentes ao Conselho de Acção Social, onde, diz o responsável, "já foram feitas algumas propostas". Gouveia Monteiro pretende "trabalhar nessas propostas durante o fim de semana, depois colocar na página dos SASUC na Internet e enviar a todos os delegados das residências".

Segundo o administrador dos serviços, qualquer pessoa pode participar na discussão pública da forma que entender. "Não vou exigir que sejam só estudantes que vivam em residências a participar. Se é pública, é pública", afirma, acrescentando que quer fazer "uma discussão pública séria, para que haja um regulamento no qual toda a gente se reveja".

Um dos pontos de maior contestação dos estudantes tem a ver com uma caução de 50 euros para acesso às residências. A medida, em vigor desde Setembro, pretende ressarcir os SASUC por eventuais danos provocados pelos estudantes. A caução levou a um abaixo-assinado promovido pela Plataforma de Residências Universitárias, com 600 subscritores, onde os estudantes propõem um sistema que penalize apenas os autores dos danos.

"A Universidade impõe a estudantes carenciados o pagamento prévio de 50 euros para aceder às residências, logo em Setembro, quando as bolsas de estudo ainda não foram atribuídas. Queremos que apenas seja prejudicado o infractor", conta à Lusa Hugo Ferreira, porta-voz da Plataforma.

Punir os infractores

No documento, os estudantes sustentam que "se o objectivo é o de prevenir eventuais danos causados e punir os já provocados, a melhor forma de prevenção é a punição dos infractores, no momento da infracção e na medida dos danos causados".

Para o grupo, "o estudante assinaria um documento que permitisse aos SASUC, no caso de provocar danos, e apenas na data da ocorrência do mesmo, descontar da sua bolsa o valor equivalente ao prejuízo". A Plataforma propõe ainda que o pagamento do dano possa ser efectuado de forma faseada.

"Os SASUC têm um departamento jurídico que pode tratar do assunto, mas até é fácil descobrir os autores dos danos, por outros utentes da residência ou seu delegado e mesmo do funcionário responsável", sustenta Hugo Ferreira.

Gouveia Monteiro encara a proposta dos estudantes como "um contributo" para a discussão do regulamento. Coimbra tem actualmente 13 residências universitárias, num total de 1354 camas.

Fonte: http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Coimbra&Concelho=Coimbra&Option=Interior&content_id=1556971

Alunos da Universidade de Coimbra criticam caução para acesso às residências


Um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra reclama o fim de uma caução para acesso às residências universitárias, mas os Serviços de Acção Social remetem o assunto para a discussão do novo regulamento.


A caução, de 50 euros, está em vigor desde Setembro e foi a forma que os Serviços de Acção Social (SASUC) encontraram para serem ressarcidos por eventuais danos provocados pelos estudantes nas residências.

A medida é contestada pelos alunos, num abaixo-assinado promovido pela Plataforma de Residências Universitárias, com 600 subscritores, no qual os estudantes propõem um sistema que penalize apenas os autores dos danos. "A Universidade impõe a estudantes carenciados o pagamento prévio de 50 euros para aceder às residências, logo em Setembro, quando as bolsas de estudo ainda não foram atribuídas. Queremos que apenas seja prejudicado o infractor", disse hoje Hugo Ferreira, porta-voz da Plataforma.

No documento, os estudantes sustentam que "se o objectivo é o de prevenir eventuais danos causados e punir os já provocados, a melhor forma de prevenção é a punição dos infractores, no momento da infracção e na medida dos danos causados, seguindo um processo justo e regulamentado". "O estudante assinaria um documento através do qual permitia aos SASUC, no caso de provocar algum dano (nas residências) e apenas na data da ocorrência do mesmo, descontar da sua bolsa o valor equivalente ao prejuízo", sugere a Plataforma, considerando ser este um sistema "mais justo e eficaz".

Atendendo a que se trata de alunos carenciados, a Plataforma propõe que o pagamento do dano possa ser efectuado de forma faseada. "Os SASUC têm um departamento jurídico que podem tratar do assunto, mas até é fácil descobrir os autores dos danos, através dos outros utentes da residência ou seu delegado e mesmo do funcionário responsável pela residência", sustenta Hugo Ferreira, aluno do 4.º Ano de Direito.

O administrador dos SASUC, Jorge Gouveia Monteiro, disse que os critérios de admissão são "um dos pontos" do novo regulamento de utilização das residências universitárias, que hoje entrou em discussão pública. "Quero fazer uma discussão pública séria para que haja um regulamento no qual toda a gente se reveja, não vou comprar uma discussão jornalística sobre um dos itens do regulamento", disse.

Gouveia Monteiro encara a proposta dos estudantes como "um contributo" para a discussão do regulamento, que prevê esteja concluída no final de Maio. "Temos 1354 camas em 13 residências universitárias, este é um património muitíssimo importante, que tem de ser preservado, com regras de convivência claras", frisou.

Fonte: http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/alunos-da-universidade-de-coimbra-criticam-caucao-para-acesso-as-residencias_1434654

terça-feira, 27 de abril de 2010

Acção Social no Ensino Superior: a palavra das Residências Universitárias

A carta aberta da Plataforma das Residências Universitárias contra as cauções.

É do conhecimento comum que a origem dos problemas da Acção Social no Ensino Superior é dúplice: o sub-financiamento estatal e a burocratização dos Serviços de Acção Social (SAS). De entre outras dificuldades despoletadas, aqueles problemas acentuam-se quando nos centramos no tema da degradação das Residências Universitárias (RU) dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC).

Com o objectivo de contribuir para a resolução destes problemas, quando muito para os dirimir, um grupo diversificado de estudantes, das RU, bolseiros, gente anónima que se solidarizou com a causa, fez nascer um movimento social, assumindo o compromisso da defesa de valores que julga essenciais. Assim, nasceu a Plataforma de Residências da Universidade de Coimbra.

É certo que o sub-financiamento e a burocratização, são, em grande medida, problemas alheios aos SASUC. Acontece que todos os SAS têm ao seu dispor um importante espaço discricionário, através do qual, mediante os problemas/necessidades concretos, podem regular a sua organização interna de forma a atenuar aqueles problemas/necessidades. É esse o caso do pagamento da Caução de 50 Euros como requisito de acesso/atribuição às RU dos SASUC, instituto criado e aplicado durante este ano lectivo.

Do nosso contacto com os colegas das 13 Residências, ressaltaram vários problemas.

1- Desde logo um problema/argumento de princípio. Comparar a Caução imposta pelos SASUC, com a Caução exigida pelo Regime de Arrendamento Urbano, parece-nos ilegítimo. Tratam-se de relações “contratuais” completamente diferentes. O fim almejado por este “contrato” não é o da satisfação do interesse do arrendatário ou do inquilino. A relação entre os SASUC e estudantes das RU assenta num vínculo de solidariedade e o fim em vista é, pois, um fim social.

2- Se o fundamento da Caução é o de prevenir a falta de pagamento de danos patrimoniais eventualmente causados nas RU, parece-nos bastante questionável que a prévia coacção financeira sobre estudantes carenciados seja o melhor remédio...

3- A forma precipitada da aplicação do instituto da Caução, sem auscultação consistente dos delegados das Residências, merece a nossa censura vil.

4- Problemas decorrem igualmente do tempo e da forma de pagamento da Caução. Será justo exigir o pagamento da Caução durante o mês de Setembro, quando nem sequer foram atribuídas/pagas as bolsas de estudo (sendo certo que esse atraso não é da responsabilidade do estudante-bolseiro)? Qual a razão para a inflexibilidade da forma de pagamento da Caução? Porquê o pagamento maioritário em dinheiro e as raras excepções do pagamento por multibanco ou cheque? O que é feito, durante o ano lectivo, aos cerca de 50 mil Euros resultantes do pagamento de cauções dos estudantes das RU? Como se não bastasse, verificaram-se ainda alguns problemas nos registos de pagamento dos SASUC quanto às pessoas que tinham ou não pago a Caução, tendo sido os SASUC obrigados a enviar emails para todos os estudantes.

5- Estando as RU bastante degradadas, de que forma se estabelece a barreira entre a culpa (dolo e negligência) ou o mero dano patrimonial resultante daquela degradação? Há um processo de averiguação definido com todas as garantias asseguradas?

6- Se mais argumentos não existissem, o instituto da Caução foi aplicado sem que estivesse previsto no respectivo Regulamento...

Para além do meio milhar de assinaturas recolhidas numa petição contra o pagamento da Caução como requisito de acesso/atribuição de RU, esta Plataforma, por força dos seu crescimento e do cariz frutífero dos seus contactos nas múltiplas Residências, está hoje em condições de apresentar um modelo alternativo para a prevenção e cobrança dos eventuais danos patrimoniais causados nas RU.

Neste sentido, propomos que à semelhança do que sucede com o pagamento da renda mensal das RU, o estudante assine um documento, através do qual autorize os SASUC a descontar da bolsa de estudo, o valor equivalente ao dano provocado, mas apenas ao estudante infractor, no momento da prática do delito e na medida do prejuízo causado. Uma vez provocado o dano, seguir-se-ia uma fase de instrução, célere mas justa, onde fossem concedidas todas as garantias às partes e que permitisse alcançar a verdade e, por consequência, ressarcir os SASUC. Tratando-se de estudantes carenciados, pode acontecer que os danos provocados pelo infractor sejam de tal maneira elevados que o pagamento imediato e total dos estragos dificulte desproporcionalmente a situação sócio-económico do colega que comete o delito. Por isso mesmo, propomos que neste tipo de casos seja concedida a possibilidade de se proceder a um pagamento faseado dos danos causados, para que a carência efectiva do colega infractor não o impeça de pagar os estragos provocados e, concominantemente, lhe permita durante o tempo em que deve saldar a dívida viver sem grandes constrangimentos financeiros. Assim se garantirá não só o saldar das dívidas, bem como a justiça. Os danos patrimoniais seriam pagos, satisfazendo a pretensão dos SASUC, pelo estudante que os provocou, no momento em que os causou e na medida dos prejuízos existentes.

A petição contra o pagamento da Caução, constitui apenas a primeira fase do movimento social criado pela Plataforma de Residências da Universidade de Coimbra. Já em Maio está prevista a entrega ao Administrador dos SASUC de um Caderno de Reivindicações que, de forma detalhada, especificará as principais carências das 13 RU dos SASUC. É esta a natureza da nossa intervenção cívica e política. Construir maiorias sociais capazes de pressionar a transformação da nossa realidade.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pedidos (de empréstimos para estudar) ultrapassam os nove milhões de euros

Estudam em Coimbra 799 alunos que pediram empréstimos para frequentar o ensino superior. Depois de Lisboa e Porto, a região de Coimbra está em terceiro lugar no “ranking” do valor concedido pela linha de crédito com garantia mútua.

Em Dezembro de 2009, 11.108 estudantes, a nível nacional, tinham recorrido à linha de crédito, um número que, em apenas dois anos cresceu mais de 600 por cento: entre Dezembro de 2007 (data de criação da linha) e Dezembro de 2009, o número de empréstimos passou de 1.524 para mais de 11 mil.

No que respeita a apoios contratados nos estabelecimentos de ensino da região de Coimbra, o valor ultrapassa os nove milhões de euros. No entanto, o relatório do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a que do DIÁRIO AS BEIRAS teve acesso, adverte que a distribuição geográfica dos pedidos de empréstimo deverá estar directamente relacionada com a distribuição da população.

Refira-se que quase dois terços dos empréstimos estão a ser dirigidos a estudantes matriculados em estabelecimentos de ensino superior públicos, com um maior peso das universidades por oposição aos institutos politécnicos. Os alunos de Enfermagem são os que mais recorrem ao crédito (590 pedidos), seguidos pelos de Direito (507) e Arquitectura (309). Medicina está no sexto lugar, com 220 empréstimos. Os que menos recorrem à banca são os alunos de Biologia (64). Lisboa e Porto registaram 2.228 e 2.153 contratos, respectivamente, e Portalegre e Bragança pouco mais de cem.

Até ao final de 2009, o valor de crédito contratado com os 11.108 estudantes ascendia a mais de 128 milhões de euros, valor a ser desembolsado durante o período de tempo que durarem os respectivos estudos (até um máximo de cinco anos). Em 31 de Dezembro de 2009, o valor do crédito já utilizado era de 45.8 milhões de euros. O ministério refere que apenas cerca de 30 por cento dos estudantes com empréstimos são bolseiros da Acção Social do Ensino Superior.

domingo, 25 de abril de 2010

Carta apresentada ao Administrador dos SASUC contra o pagamento da Caução

Exmo. Sr. Administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra,

O como, o porquê e o para quê da Plataforma de Residências da Universidade de Coimbra

Há muito que a situação vivida pelos estudantes das Residências Universitárias dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC) exige esta interpelação. À degradação física dos nossos espaços de residência, alia-se um relacionamento distante entre estudantes e respectivos serviços, sem que aqui interesse descortinar os motivos desse distanciamento.

Com o objectivo de contribuir para a resolução de muitos destes problemas, quando muito para os dirimir, um grupo diversificado de estudantes, das Residências Universitárias, bolseiros, gente anónima que se solidarizou com a causa, assumiu o compromisso de se unir em torno da defesa de valores que julga essenciais. Assim nasceu a Plataforma de Residências da Universidade de Coimbra. Não se trata de um grupo institucionalizado, com uma organização interna definida, um grupo de trabalho fixo e homogéneo. Do que se trata na verdade, é de um movimento social, alicerçado no trabalho voluntário de todos e todas quantos vêm nos serviços prestados pelos SASUC uma condição (indispensável) para a sua formação superior. 1 - Contribuir para a resolução dos problemas de relacionamento entre estudantes e SASUC; 2 - Unir a voz dos estudantes à dos Serviços de Acção Social na exigência de mais financiamento estatal para este sector; 3 - Propor alterações ao regulamento interno das Residências ou de situações conexas que consideramos injustas; Eis o que nos move. Dada a origem da Plataforma, os objectivos trilhados, a natureza do nosso trabalho, perceberá o quão importante tem sido o nosso trabalho de base, de auscultação das dificuldades e reivindicações dos nossos colegas das Residências Universitárias.

Chegados aqui, uma clarificação se impõe: de entre os objectivos definidos por esta Plataforma, não constam, com toda a certeza, o afrontamento, a provocação ou o questionamento da boa vontade, tanto de V. Ex.ª, como dos restantes funcionários dos SASUC. Dirigimo-nos a V. Ex.ª com espírito de cooperação, com a firme convicção de que frustradas todas as outras tentativas de diálogo, desta feita, nos conseguiremos entender sobre os assuntos que perturbam o nosso relacionamento.

Todos sabemos que os diversos problemas da Acção Social encontram, grosso modo, a mesma origem: o sub-financiamento estatal. 1 - O número insuficiente de estudantes abrangidos pela Acção social e que em consequência abandonam os seus estudos; 2 - Os modelos burocráticos de avaliação dos pedidos de bolsas de estudo; 3 - A forma de cálculo das bolsas de estudo; 4 - Os atrasos insuportáveis na atribuição e pagamento das bolsas; 5 - A degradação dos espaços das Residências Universitárias, em particular as insuficiências materiais e de pessoal de limpezas e manutenção desses espaços.

Talvez com excepção dos problemas burocráticos, que são partilhados tanto pela regulamentação estatal como pelos Serviços de Acção Social, todos os restantes obstáculos são cobertos pela “nuvem negra do sub-financiamento”. Por isso, nesta carta não dirigimos as nossas atenções a problemas aos quais os SASUC são, em grande medida, alheios.

Acontece que todos os Serviços de Acção Social têm ao seu dispor um importante espaço discricionário, através do qual, mediante os problemas/necessidades concretos, podem regular a sua organização interna de forma a atenuar aqueles problemas/necessidades. É esse o caso do pagamento da Caução de 50 euros como requisito de acesso às Residências Universitárias dos SASUC, instituto criado e aplicado este ano lectivo. Aqui, ao contrário dos outros problemas acima enunciados, não há responsabilidade (pelo menos directa) do Governo. Trata-se de uma medida da inteira responsabilidade dos SASUC. Por isso, a Plataforma de Residências da UC decidiu avançar com uma petição contra o pagamento da Caução como requisito de acesso/atribuição às Residências Universitárias dos SASUC.
Caução: Uma sucessão de erros (problemas)

Do nosso contacto com os colegas das 13 Residências dos SASUC, ressaltou logo um problema prévio à aplicação deste instituto. É que os estudantes não foram ouvidos consistentemente ao longo de todo este processo. Os SASUC limitaram-se a fazer reuniões com os diversos delegados (durante a época de exames do segundo semestre do ano lectivo passado), através das quais se limitaram a passar a informação de que “no próximo ano os estudantes pagariam uma caução, caso tivessem a intenção de viver nas Residências”. Por maior que fosse o desencanto e a contestação à decisão tomada, o certo é que os estudantes já nada poderiam fazer para evitar a consumação daquele facto.

Por outro lado, o instituto da caução padeceu de problemas procedimentais graves.

Em primeiro lugar, exigindo o pagamento da Caução em pleno mês de Setembro, período durante o qual os estudantes efectuam imensas despesas escolares, sem que, a acrescer, a sua bolsa tenha sido atribuída ou paga. E a falta de pagamento é da responsabilidade de todos, menos do estudante que atempadamente entrega todos os documentos exigidos pelos SASUC... São conhecidos casos de estudantes das Regiões Autónomas, bem como estudantes Erasmus, que desconhecendo o instituto da Caução viram a sua vida bastante dificultada aquando da sua chegada a Coimbra. É bom não esquecer que se tratam de estudantes, na grande maioria dos casos, bolseiros e, portanto, carenciados. É certo, alegam os SASUC, que os estudantes com maiores dificuldades podem sempre pedir um adiantamento no valor de 50 euros que lhes permita pagar a Caução... Mas não seria esse adiantamento bastante mais útil se pudesse ser utilizado para fazer face a despesas bastante mais relevantes, tais como, despesas de alimentação, transporte, material escolar?
Em segundo lugar, outro dos problemas detectados é o da forma de pagamento da Caução. Aquando das reuniões entre delegados e a funcionária responsável pelo alojamento dos SASUC, a informação passada foi a de que o estudante teria de pagar a Caução em dinheiro, durante a primeira semana de Setembro, na tesouraria dos SASUC. Face à contestação sentida, os SASUC viram-se obrigados a flexibilizar este modelo. Houve flexibilidade quanto ao tempo de pagamento, uma vez que alguns estudantes ainda não procederam ao pagamento da caução (voluntária ou involuntariamente), mas muito pouca flexibilidade quanto ao local de pagamento e à espécie de pagamento. Apesar de alguns (poucos) estudantes terem feito esse pagamento em cheque ou por multibanco, o certo é que a grande maioria, por pressão dos SASUC, foi vítima daquela inflexibilidade e teve de pagar em dinheiro. Como se não bastasse, verificaram-se ainda alguns problemas nos registos de pagamento dos SASUC quanto às pessoas que tinham ou não pago a Caução, tendo sido os SASUC obrigados a enviar emails para todos os estudantes. Este problema levanta sérias questões de justiça e igualdade. Imagine-se o caso, frequente, do estudante que perdeu o comprovativo de pagamento? Talvez seja um problema de responsabilidade individual, mas não terá ele vindo à tona dada a incompetência efectiva dos SASUC? E o caso do estudante que não tinha pago a caução, mas que conhecedor deste problema, tenta aproveitá-la em seu favor? E o caso do estudante que paga a caução, guarda o comprovativo, mas é obrigado a perder parte do seu tempo nas filas de espera dos SASUC?

É certo que o valor da Caução é devolvido ou renovado no final do ano lectivo. Mas afinal o que é feito com esse dinheiro ao longo do ano? Se os SASUC concedem alojamento a cerca de 1.200 estudantes, o que é feito aos cerca de 60 mil euros pagos pelos estudantes? Talvez tenha sido esta a questão mais polémica ao longo dos nossos contactos com os estudantes...

O pagamento da Caução levanta igualmente problemas quanto à imputação da culpa/responsabilidade e de carácter processual. Na realidade, se a caução é apresentada pelos SASUC como uma medida que visa condicionar eventuais comportamentos lesivos do património das Residências, de que forma é feita a avaliação acerca da responsabilidade do estudante? É que é bom não olvidar que tendo como cenário espaços degradados, é muito difícil definir a barreira entre a culpa (dolo ou negligência) do estudante ou a mero dano resultante da degradação da Residência. Assim, se em resultado de uma brincadeira um estudante cair em cima da cama, já de si bastante débil, e ela se partir, de que forma avaliam os SASUC a culpa e a responsabilidade do estudante? Por outro lado, incidindo as suspeitas sobre um estudante, de que forma é garantido o contraditório? Que meios de prova são legítimos? Basta a mera queixa de um outro companheiro? Há um processo de definido para estes casos? Quais? É resultado da auscultação dos delegados das Residências?

Os argumentos atrás expostos contra o pagamento da caução, embora de grande importância prática, assumem um papel secundário. É que há um problema de princípio em relação ao pagamento da Caução. Se ela surge, como referem os SASUC, como a medida mais eficaz (carece de prova esta afirmação) para prevenir eventuais danos causados nas Residências, será a coacção financeira sobre estudantes carenciados a melhor resposta a dar a esta situação? A verdade é que os principais interessados na manutenção das Residências são os próprios estudantes, não obstante a existência de uma minoria que causa danos. Os estudantes são os principais interessados, mas não são os responsáveis por aquela manutenção. Se existem casos de estudantes que lesam o património dos SASUC e se recusam a pagar, não é esse um problema de fiscalização da responsabilidade dos próprios serviços? Será justo aplicar a todos os estudantes um regime que visa dar respostas aos problemas causados por uma minoria?

Numa declaração de V. Ex.ª ao Jornal Universitário A CABRA, comentando a nossa petição contra o pagamento da Caução, teve a oportunidade de dizer que o texto da nossa petição apresentava alguns pontos disparatados. Qual não é o nosso espanto, quando na declaração seguinte compara a caução dos SASUC à caução do Regime de Arrendamento Urbano. Permita-nos que lhe devolvamos a crítica. Mais do que ninguém, V. Ex.ª saberá que se tratam de situações totalmente diversas. A relação estabelecida entre os SASUC e os estudantes é claramente diferente da relação entre o inquilino e o arrendatário. Há um fundamento de solidariedade que marca o nosso vínculo com os SASUC. O fim primordial da relação não é o da satisfação nem do interesse do arrendatário, nem do inquilino. O fim almejado é um fim social, de interesse público. Acresce que a relação estabelecia entre os SASUC e os estudantes é perpassada por uma dependência dúplice (embora não seja recíproca): económica e jurídica.


Se mais argumentos não existissem, ressaltaria um de grande importância e gravidade, um problema jurídico: o requisito de pagamento da Caução de 50 euros como pressuposto de acesso/atribuição de Residência Universitária não costa do respectivo Regulamento. Sendo assim, poderão os SASUC continuar a exigir o seu pagamento? Poderão exigir o cumprimento dessa obrigação aos estudantes que ainda não a cumpriram?


Proposta de modelo alternativo

Esta iniciativa surgiu com o objectivo de contestar. Estivemos no terreno apenas a recolher assinaturas contra o pagamento da Caução. Todavia, o crescimento do nosso grupo de trabalho, o contacto, o diálogo frutífero com os restantes colegas das 13 Residências Universitárias dos SASUC, criaram condições, para que com esta carta, apresentássemos a V. Ex.ª um modelo alternativo.

Assim sendo, propomos o fim do pagamento da caução como requisito de acesso/atribuição de alojamento. Se o objectivo é o de prevenir eventuais danos causados e punir os já provocados, a melhor forma de prevenção é a punição dos infractores, no momento da infracção e na medida dos danos causados, seguindo um processo justo e regulamentado.

Neste sentido propomos que à semelhança do que sucede com o pagamento da renda mensal da Residência (isto é, os estudantes autorizam os SASUC a descontarem do valor da sua bolsa, o equivalente ao valor da renda no momento em que é paga a bolsa), que os Serviços sigam um modelo idêntico em sede de pagamento de danos causados nas Residências. Concretizando: o estudante assinaria um documento através do qual permitia aos SASUC, no caso de provocar algum dano no património dos SASUC e apenas na data da ocorrência do mesmo, a descontar da sua bolsa o valor equivalente àquele dano. Uma vez provocado o dano, seguir-se-ia uma fase de instrução, célere mas justa, onde fossem dadas todas as garantias às partes e que permitisse alcançar a verdade e, por consequência, ressarcir os SASUC. Uma vez que se tratam de estudantes carenciados, pode acontecer que os danos provocados pelo infractor sejam de tal maneira elevados que o pagamento imediato e total dos estragos dificulte desproporcionalmente a situação socioeconómica do colega que comete o delito. Por isso mesmo, propomos que neste tipo de casos seja concedida a possibilidade de se proceder a um pagamento faseado dos danos causados, para que a carência efectiva do colega infractor não o impeça de pagar os estragos provocados e, concomitantemente, lhe permita durante o tempo em que deve saldar a dívida viver sem grandes constrangimentos financeiros.

Assim se garantirá não só o saldar das dívidas bem como a justiça. Os danos seriam pagos, vendo os SASUC o seu interesse satisfeito, pelo estudante que os provocou, no momento em que o causou, e na medida do dano causado.

Ficam assim expostos os nossos argumentos e à consideração de V. Ex.ª o nosso modelo alternativo. Como atrás referimos, o nosso objectivo é através da cooperação e do diálogo, ajudar a resolver os problemas que assolam a realidade quotidiana dos estudantes das Residências Universitárias dos SASUC. Aceitamos o diálogo, mas, por força do que atrás dissemos, não podemos aceitar o modelo vigente. Assim ditam igualmente as cerca de 600 assinaturas que em anexo lhe enviamos. Trata-se de um “muro inultrapassável”!

Finalmente, vimos pedir a V. Ex.ª a marcação urgente de uma reunião com representantes desta Plataforma, para que o assunto volte a ser discutido, a nossa proposta alternativa seja mais desenvolvida e possamos, enfim, chegar ao consenso que estou certo, ambas as partes pretendem.

Pelas Residências Universitárias!

Pelos SASUC!

Cumprimentos fraternos,

Plataforma de Residências da UC

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pedidos de bolsas subiram cinco por cento na UC: atribuídas 4.870

Os pedidos de bolsa de estudo na Universidade de Coimbra (UC) aumentaram cinco por cento este ano, chegando aos 6.438, diz o administrador dos Serviços de Acção Social, que considera que o regulamento está «desajustado das necessidades das famílias».

Segundo dados fornecidos à agência Lusa pelos Serviços de Acção Social (SASUC), dos 6112 processos despachados, 4.870 obtiveram bolsa, 40 por cento dos quais resultaram no «último escalão», o montante mínimo.

«O regulamento de bolsas continua desajustado das necessidades das famílias, naturalmente que haveriam mais candidatos com bolsas se as regras fossem outras», observou o administrador dos SASUC.

Jorge Gouveia Monteiro considera que a bolsa mínima (114,70 euros mensais para estudantes residentes) «não é nada incentivadora e, na prática, o aluno não tem bolsa nenhuma», porque o que recebe é para «cobrir a propina» (996,85 euros anuais).

«Fundamentalmente, o que é preciso é que o dinheiro das bolsas chegue a quem precise e isso não está a acontecer», criticou Gouveia Monteiro.

Com o objectivo de estabelecer um «regime o mais favorável possível ao estudante», a UC não estipulou um prazo para apresentação de candidaturas e «admite pedidos a todo o tempo», estando neste momento 326 processos pendentes, dos quais 220 aguardam informação complementar solicitada aos candidatos.

Quer as instituições de ensino quer as associações de estudantes têm reclamado a alteração do actual regulamento de atribuição de bolsas de estudo, para permitir uma maior cobertura, tendo o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior solicitado às instituições de ensino, numa reunião a 12 de Fevereiro, que, no prazo de 15 dias, apresentassem sugestões para melhorar as regras.
O que a UC propôs foi «fundamentalmente acabar com os escalões» e introduzir um «sistema linear puro», em que «a bolsa é sempre igual ao valor entre o rendimento per capita do agregado familiar e a bolsa de frequência (o montante necessário para que um aluno possa frequentar os estudos)», disse Gouveia Monteiro.

O último escalão (bolsa mínima), justificou, «abrange uma disparidade brutal» de rendimentos (do agregado familiar) e que se situam entre os 315 e os 540 euros.

«A questão está nas mãos do ministro, enviámos as propostas (de alteração) há mais de um mês e continuamos sem resposta sobre qual a intenção quanto ao regulamento», afirmou o administrador dos SASUC, frisando que, «a ser alterado, tem de ser muito rapidamente, porque as matrículas são já em Junho».

in http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=6908&Itemid=111

sexta-feira, 2 de abril de 2010